Ana Guedes*
Pensando nas tantas dúvida e queixas que vi nos últimos
dias, me deparei com um tema contraditório: a idade e o mercado de trabalho.
São muitos jovens recém-formados buscando uma direção, uma
ajuda em como entrar no mercado, pois têm a formação acadêmica mas não tem
experiência.
E aí volto a analisar o “pensamento” das empresas, a grande
maioria que não entende a necessidade do desenvolvimento humano dentro delas,
pois não possuem estrutura para tanto, e buscam simplesmente preencher vagas
com profissionais “prontos”, e como existe uma grande oferta de mão de obra
acabam encontrando o que desejam.
Mas essas empresas avaliam apenas os quesitos técnicos (área
de formação, cursos e experiência prática) e desprezam as habilidades e o
potencial que um candidato tem a desenvolver e que, se fosse estimulado pela
empresa, poderia ser um funcionário muito além do que o contratado.
As empresas que possuem programas de treinamento e querem
investir em potencial, se voltam apenas para os jovens recém-formados, mas
apenas aqueles que possuam a melhor formação possível (o que exclui a maioria
dos jovens). O cenário de mudanças rápidas e constantes deve passar uma imagem
de que apenas esses jovens (até 30 anos) têm disposição, vigor e energia para
crescer e evoluir na carreira, e que os profissionais com bagagem e experiência
tendem a se acomodar e diminuir as expectativas, sobretudo após os 45 anos.
Se vivemos em uma época de mudanças tão rápidas e contínuas,
todos que estão no mercado as estão acompanhando, e não somente quem está
chegando. Uma pessoa mais velha, que já passou por tantas mudanças, por
diferentes ambientes e realidades, não estaria mais apta a qualquer situação
nova?
Existem verdades que não são declaradas pois seriam discriminatórias
(e a meu ver porque não tem fundamento), como a idade, o sexo, a formação, e
sabemos que isso acontece. Para algumas poucas vagas pode até ser que um desses
fatores faça diferença, mas na maioria é apenas fruto do pensamento limitante
de Gestores e Dirigentes que pensam que pessoas mais velhas não se adaptariam a
determinada posição pois já vêm com “vícios” de trabalho e personalidade e são
mais difíceis de lidar.
Outro fator é que os jovens, em quase desespero para
conseguir a primeira experiência, acabam se sujeitando a salários menores e
substituem pessoas com mais experiência, mais idade, e com salários mais altos.
E aí temos mais um círculo vicioso complicando a vida (e são
tantos...), e simplificando a análise seria a substituição do “caro” pelo
“barato”, novamente como se fôssemos mercadorias na prateleira de um
Supermercado.
Na minha visão, as empresas deveriam contratar os jovens
recém-formados para posições iniciais, investir em seu desenvolvimento e dando
condições para que continue crescendo, e que os funcionários experientes
deveriam ocupar posições compatíveis com o que são de fato, e reconhecidos e
valorizados pela sua trajetória, e não “descartados” como se houvesse um prazo
de validade. Talvez eu pense assim porque fui educada para respeitar os mais
velhos pela sua maturidade e sabedoria, porque suas decisões são carregadas de
conhecimento que vão além do técnico e acadêmicas, é experiência de vida.
Me desanima um pouco pensar que essa é a realidade, um país
confuso em sua identidade, com uma cultura tão pobre em valores, em senso de
coletividade. Aliás, eu entendo que essa é a diferença entre o 1º e o 3º mundo:
nos países de 1º mundo as pessoas entendem que o que fazem para o próximo,
fazem para si mesmo. Por isso eles valorizam o bem comum, a educação, a
honestidade e o respeito, porque fazem isso para si mesmo.
E até que se consiga mudar essa visão corporativa injusta e,
me perdoem a dureza, burra, todos continuarão sofrendo as consequências: quem
quer entrar, quem quer crescer e quem quer permanecer.
Tento manter o pensamento positivo, e o foco nos poucos e
bons exemplos das poucas empresas que fazem a diferença, e o sincero desejo de
que todos consigam encontrar, enfim, seu tão merecido lugar ao sol.
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Por: Ana Guedes*
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Texto retirado do blog da Ana* em: http://coachingself.blogspot.com.br/2014/02/a-idade-e-o-mercado-de-trabalho.html
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Ilustrações: DesignCRV
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